segunda-feira, 26 de março de 2012

TRIBUNA BÍBLICO-TEOLÓGICA - Tema: São José, exposição do seminarista Francisco de Aquino

Aconteceu no último sábado, 26 de março, a primeira Tribuna Bíblico-Teológica  do Discipulado no ano de 2012, com o tema "A figura e a missão de São José" e exposição do seminarista Francisco de Aquino, de Olho d'Água do Piauí. Foi um momento de importantes reflexões a respeito do grande Patrono da Igreja, venerado especialmente como Esposo de Maria Santíssima e Pai adotivo de Jesus Cristo. O tema foi reforçado pela grande devoção que acompanha São José nos dias de março, com seu ponto alto no dia 19. O assessor foi o Pe. Gilberto Freitas, Reitor. Segue o texto-base da Tribuna sobre São José e algumas fotos do momento.

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ARQUIDIOCESE DE TERESINA
DISCIPULADO BEATO JOÃO PAULO II
TRIBUNA BIBLICA

Francisco de Aquino

A FIGURA E A MISSÃO DE SÃO JOSÉ
“José fez como lhe ordenara o anjo do senhor e recebeu a sua esposa” (Mt1, 24)

São José esposo de Maria, grande santo da Igreja Católica, pai adotivo de nosso Senhor Jesus Cristo, carpinteiro de Nazaré. Como falar desse homem tão importante nos dias de hoje se dele não temos nenhuma palavra? São José não nos deixou nenhuma palavra. Entregou-nos seu silêncio e seu exemplo de homem justo, trabalhador, esposo, pai e educador.
Nossa cultura e a teologia são feita em grande parte de palavras faladas e escritas. Sem estes dados de suma significância, a inteligência se ofusca e somos “obrigados” a buscarmos fatos do imaginário do povo que não tem censura e nem limites.
Mesmo sendo um homem de fé, obediente a palavra de Deus, São José foi esquecido por alguns séculos. A reflexão sobre a sua vida ficou na obscuridade. Somente no século XVI que surge alguns escritos, uns deles e de Isidoro de Isolanis (+1528) que publicou uma suma dos dons de São José, sendo o primeiro tratado sistemático sobre esse Homem de Deus.
De acordo com o Martirológico Romano, 19 de março é o dia do nascimento celestial de São de José. O sumo Pontífice Pio IX (1846-1878) o proclamou patrono da Igreja Católica apostólica Romana (Igreja Universal). Segundo o bem aventurado João Paulo II (1989, p.5) essa titulação só foi concedido porque assim como São José cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso á educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o seu corpo místico, a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é a figura e modelo. O sumo Pontífice João XXIII inseriu seu nome no cânon romano e Pio XII proclamou o dia 1º de maio como Dia de São José, o Trabalhador.
Por ser o homem do silêncio, sem nenhuma fala e poucas vezes citado nas sagradas escrituras, a figura de São José se cerca de ambiguidades. Por um lado é o bom José, esposo de Maria, o trabalhador, cujo nome milhões de pessoas, lugares, instituições, congregações leva. Sem falar de inúmeras Igrejas que o venera como patrono. Por outro lado pouco se sabe de sua genealogia, quando casou com Maria, quando morreu... De sua vida pouco sabemos.
“Ao lado das coisas altamente positivas ligados á sua pessoa, há também versões, clichês e mal-entendidos que, desde os primeiros séculos especialmente por causa dos apócrifos atravessaram os tempos e chegaram até nós” (Boff, 2005, p.30).
Os principais apócrifos que relatam a historia de São José são: proto-evangelho, evangelho do pseudo-Mateus, história de José carpinteiro entres outros que contam aspectos muitos extravagantes e contraditórios.
Dada a figura deste importante santo, hoje notáveis investigadores e teólogos realizam estudos sobre São José – Josefologia – e comprova que a sua missão é dar segurança á Mãe e cuidar do menino Jesus, ou seja, ser o “guardião do Salvador” [1]. Realizadas essas funções José desaparece como efetivamente o fizeram desaparecer. José nos ensina a importância da família e também da paternidade.
Vários santos homenagearam este guarda fiel e providente cito aqui um trecho dos sermões de São Bernardinho de Sena, presbítero (apud LITURGIA DAS HORAS, 1995, p.1484):

Isto verificou-sede forma eminente em São José, pai adotivo do Senhor Jesus Cristo e verdadeiro esposo da rainha do mundo e senhora dos anjos. Com efeito, ele foi escolhido pelo Pai eterno para ser o guarda fiel e providente dos seus maiores tesouros: o Filho de Deus e a Virgem Maria. E cumpriu com a máxima fidelidade sua missão. Eis por que o Senhor lhe disse: Servo bom e fiel! Vem participar da alegria do teu Senhor! (Mt 25,21).

José sempre foi acolhido com respeito e carinho por ser o esposo de Maria e o pai de Jesus. Não se sabe exatamente quando começou na Igreja a sua veneração. Mas era indissociável das festas ligadas a Maria e ás de Cristo. Foi o último patriarca que recebeu as comunicações do SENHOR através da humilde via dos sonhos (cf. Gn 28, 12-14; Mt 1, 20-24).
O saudoso João Paulo II mostra grande devoção a São José, sempre citado em suas muitas encíclicas. Dedicou-lhe a Exortação Apostólica Redemptoris Custos, de 15 de agosto de 1989, sobre a figura e a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja, para celebra o centenário da encíclica de Leão XIII, Quamquam pluries, a única sobre São José. Neste documento, o papa retoma os dados da tradição. Seguem fundamentalmente o esquema dos Evangelhos, apresentando todos os eventos em que São José aparece:
1-              O matrimônio com Maria (Mt 1, 20,21);
2-              O depositário do mistério de Deus (Lc 1, 45);
3-              O serviço da paternidade (Mt 1, 16.18-20; Lc 1,27; 2,5);
4-              O recenseamento (Jo 1,45);
5-              O nascimento em Belém (Lc 2,6-7);
6-              A circuncisão (Lc 2,21);
7-              A imposição do nome (Mt 1,21);
8-              Apresentação de Jesus no templo (Lc 2,22ss);
9-              A fuga para o Egito (Mt 2, 13);
10-           A permanência de Jesus no Templo (Lc 2,48) e
11-           A sustentação e a educação de Jesus em Nazaré (Lc 2, 52).
  Segue não a exegese moderna, que tantos elementos têm trazido para a reflexão, mas prefere orientar-se pela interpretação que os padres fizeram, de cunho mais espiritual e pastoral.

No Sacrifício eucarístico a Igreja venera “a memória da gloriosa sempre Virgem Maria... e também a de são José”, porque foi quem “sustentou aquele que os fiéis deviam comer como Pão de vida eterna” [2].

Diante esta figura da nossa Igreja, como não amar aquele que foi amado por Jesus o nosso mestre e Senhor? Tenhamos por ele um amor como de filho para com o pai.
Disse Jesus (apud BOFF, 2005, p.5) ‘Quando fordes revestidos de minha força e receberdes o sopro de meu pai, isto é, o Espírito Paraclito, e quando fordes enviados a pregar o Evangelho, pregai também a respeito de meu querido pai José’.[3]

São José,
rogai por nós!






Bibliografia


BOFF, Leonardo. São José a personificação do pai. Campinas, SP: Verus, 2005.

BUTLER. A vida dos santos, março. Petrópolis: Vozes, v.3, 1987.

João Paulo II. Carta Encíclica “Redemptoris Custos” sobre a figura e a missão de São José na vida de Cristo e da Igreja. Petrópolis: Vozes, 1989. (Documentos Pontifícios, 232).

MISSAL ROMANO. Solenidade de São José. 11ed. Paulus, 2007.



[1] Cf. Sobre a figura e a missão de São de José. João Paulo II.
[2] Ibidem.
[3] Do Evangelho apócrifo: história de José o carpinteiro cap. XXX. n.5 entre os sec. IV e V no Egito.

Expectativa, seminaristas David e Diego

Pe. Gilberto, Reitor do Seminário e Assessor

Algumas das fontes usadas para a composição do texto-base

Seminarista Francisco de Aquino, expositor do tema;
na frente, a imagem de São José Operário

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