segunda-feira, 21 de maio de 2012

REAÇÃO DOS BISPOS nos EUA contra recentes iniciativas de Obama



A Arquidiocese de Nova York, liderada pelo Cardeal Timothy Dolan, a Arquidiocese de Washington, D.C., liderada pelo Cardeal Donald Wuerl, a Universidade de Notre Dame, e 40 outras dioceses católicas e organizações espalhadas pelo país anunciaram que estão processando a administração de Obama por violar sua liberdade religiosa, que é garantida pela Primeira Emenda Constitucional.

As dioceses e organizações, sob diferentes combinações, registraram 12 diferentes ações judiciais nas cortes federais ao redor do país.

A Arquidiocese de Washington, D.C. criou um website especial — preservereligiousfreedom.org — para explicar estas ações judiciais e apresentar novidades e a tramitação relacionadas a elas.

“Estas ações judiciais tratam de um ataque sem precedentes do governo federal contra uma das liberdades mais caras da América: a liberdade de praticar sua religião sem a interferência do governo,” diz a arquidiocese em seu website. “Não se trata de as pessoas terem acesso a determinados serviços; se trata de o governo poder forçar instituições religiosas e indivíduos a facilitar e custear serviços que violam suas crenças religiosas.”

As ações registradas pelas organizações católicas se concentram na regulamentação que a Secretária de Saúde e Serviços Humanos Kathleen Sebelius anunciou em Agosto passado e concluiu em Janeiro que solicitava a virtualmente todos os planos de saúde dos Estados Unidos a cobrirem esterilização e anticoncepcionais aprovados pela “Food and Drug Administration”, incluindo aqueles que podem provocar abortos.

A Igreja Católica ensina que esterilização, contracepção artificial e aborto são moralmente errados e que os católicos não devem se envolver com isso. Portanto, a regulamentação exigiria dos fiéis católicos e organizações católicas que agissem contra suas consciências e violassem os ensinamentos de sua fé.

Anteriormente, a Conferência dos Bispos Católicos dos Estadus Unidos chamou a regulamentação de “um ataque à liberdade religiosa sem precedentes” e solicitou à administração de Obama para rescindí-la.

“Nós tentamos negociar com a Administração e legislação com o Congresso – e prosseguiremos com isso – mas ainda não há reparação,” Cardeal Dolan, que também é o presidente da Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, disse em um comunicado divulgado pela conferência.

O tempo está se esgotando, e nossos preciosos ministérios e direitos fundamentais estão na balança, então temos que recorrer aos tribunais agora,” disse o cardeal. “Embora a Conferência não faça parte das ações judiciais, nós aplaudimos este ato corajoso de tantas dioceses individuais, instituições de caridade, hospitais e escolas ao redor da nação, em coordenação com o escritório de advocacia Jones Day. É também um claro sinal da unidade da Igreja na defesa da liberdade religiosa. Além de ser uma grande demonstração da diversidade de ministérios da Igreja que servem o bem comum e que estão comprometidos com seus preceitos – ministérios dos pobres, dos doentes, e dos não educados, para pessoas de qualquer fé ou mesmo sem fé alguma.”

A Arquidiocese de Nova York do Cardeal Dolan registrou uma ação hoje na Corte Distrital dos EUA regional (Eastern District of New York). Unindo-se à arquidiocese como demandantes na ação estão a Catholic Health Care System, a Diocese Católica Romana de Rockville Centre, Cáritas de Rockville Centre, e a Catholic Health Services de Long Island.

Em sua ação, estes grupos elencaram a secretária Sibelius (HHS), a secretária do Trabalho Hilda Solis, o secretário do Tesouro Tim Geithner e seus departamentos como réus.

A arquidiocese de Wasington, D.C., conta em sua ação judicial com a Cáritas da Arquidiocese de Washington, o Consórcio das Academias Católicas da Arquidiocese de Washington (que inclui quatro escolas católicas/paroquiais), Colégio (Escola Secundária) Arcebispo Carroll, e a Universidade Católica da América.

“Esta manhã, a Arquidiocese de Washington registrou uma ação judicial para confrontar o mandato, recentemente expedido pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos, que fundamentalmente redefine a definição nacional de longa data do ministério religioso e requisitou que nossas organizações religiosas ofereçam aos seus funcionários cobertura para drogas que induzem ao aborto, contraceptivos, e esterilização, mesmo que fazer isso viole suas crenças religiosas,” disse o Cardeal Donald Wuerl de Washington em uma carta aberta publicada online esta manhã. “Assim como nossa fé nos obriga a defender a liberdade e dignidade dos outros, assim também, devemos defender a nossa própria.”

“A ação judicial de forma alguma desafia nem o direito legal já estabelecido de as mulheres obterem e usarem contraceptivos nem o direito dos empregados de terem cobertura particular para tal, se optarem por isso,” disse o Cardeal Wuel. “Esta ação judicial é sobre liberdade religiosa.”

“A Primeira Emenda consagra em nossa Constituição nacional o princípio de que organizações religiosas devem poder praticar sua fé livre de interferência do governo,” diz o Cardeal Wuerl.

Tradução: Bruno Linhares

EVANGELHO: um direito da humanidade!


FORMAÇÕES

Imagem de Destaque








O Evangelho como um direito de todos

Ide, pois, ensinai todas as gentes






Em nosso artigo anterior tínhamos nos proposto a tratar da fé e de como ela difere da mera crença. Entretanto, na próxima quinta-feira se comemora a Ascensão do Senhor, celebração que, no Brasil, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com prévia aprovação da Santa Sé, transferiu para o 7º domingo do Tempo Pascal. Essa festa nos motiva a falar de um assunto muito importante, que não poderíamos omitir, de modo que nossos comentários sobre o que seja a fé e como ela difere de uma mera crença terão de aguardar a próxima semana.
Agora queremos meditar um pouco sobre as palavras de despedida que Nosso Senhor dirigiu aos apóstolos, antes de Sua gloriosa Ascensão aos Céus: «Todo o poder me foi dado no céu e na terra. Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei. Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo» (Mt 28,19-20).Essas palavras de Jesus são muito especiais, porque constituem o último recado que Ele deu aos Seus discípulos antes de ascender à direita do Pai. Geralmente, os últimos recados que damos quando partimos se referem às coisas que mais nos importam.
Essas palavras abrem-se com uma declaração da realeza universal de Jesus Cristo: «Todo o poder me foi dado no céu e na terra». Tal como no Apocalipse, aqui o Senhor Jesus se apresenta como «o Santo e o Verdadeiro, que tem a chave de Davi, que abre e ninguém fecha, que fecha e ninguém abre» (Ap 3,7). Essa declaração nos deve encher de confiança: se as coisas parecem confusas, se o mal parece vencer, podemos nos manter serenos na esperança, pois Jesus está no controle de tudo e, no final, veremos Sua vitória contra nossos inimigos.
O segundo recado contido nessas palavras de Jesus é sobre o mandamento de ensinar o Evangelho a todas as gentes: «Ide, pois, ensinai todas as gentes, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a observar todas as coisas que vos mandei». Talvez seja difícil para nós perceber isso, mas esse pedido de Cristo teve consequências extraordinárias e pareceu insólito para os homens da época. Nunca antes alguém havia proposto algo tão arrojado. Até onde sabemos, esta foi a primeira vez que, na história da humanidade, alguém disse existir algo que deveria ser levado a todas as pessoas em toda a Terra, sem distinção alguma, independentemente de sexo, raça ou condição social, estivessem ou não essas pessoas preparadas para receber esse bem – «Deus não faz acepção de pessoas» (At 10,34). Essa foi a primeira vez na história humana em que foi enunciada a existência de algo a que todos os homens têm direito.
A partir desse reconhecimento do direito de todos ao Evangelho, foi-se tomando consciência de que existem outros bens a que todos também têm direito. Esse foi o ponto inicial que permitiu a compreensão de que também a liberdade, a educação e a saúde, por exemplo, deveriam estar à disposição de todos.
Quando um cristão anuncia o Evangelho, ele não o faz como quem faz um favor, mas como quem entrega a outrem algo que lhe pertence, que é seu direito. De modo que, se acaso sonegasse aos homens o Evangelho, julgaria haver cometetido uma injustiça: «Ai de mim, se eu não evangelizar» (I Cor 9,16).
Por final, o terceiro recado da mensagem visa novamente reforçar nossa confiança no auxílio e na presença do Cristo: «Eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo». Jesus continua presente na Igreja pela fé e especialmente pela Eucaristia.
Celebremos, pois, nesse espírito a Ascensão do Senhor, meditando com especial atenção esses últimos recados que Jesus, antes de partir, deixou a Seus discípulos!
Rodrigo R. Pedroso
16/05/2012 - 08h00 

CRISTÃO sem mentira...


FORMAÇÕES

Imagem de Destaque

Pode um cristão mentir?

A verdade vos libertará. Ser amante da verdade é um aprendizado






O salmista não se mostra muito generoso, quando, num momento de decepção, exclama: "Todos os homens são mentirosos" (Sl 116,11). Ser amante da verdade é um aprendizado. Para fugir de complicações, todos temos a tendência para a dissimulação, isto é, procuramos enganar para nos safar de eventuais punições. Só Jesus mesmo para poder dizer: "Eu sou a verdade" (Jo 14,6).
Conheço algumas circunstâncias - as mentirinhas profissionais - em que não se produz culpa. Por exemplo: a enfermeira avisa, ao aplicar uma injeção: "não vai doer". Ou o pároco, quando vai pedir ajuda financeira aos fiéis: "esta é a última campanha que vamos fazer". São as tais mentirinhas inocentes, que não prejudicam ninguém. Mas São Tomás de Aquino ensina que existe uma situação, na qual podemos até mentir em assunto sério. É quando alguém pergunta se nós cometemos certos crimes. É lícito negar, mesmo sendo culpados, porque o ônus da prova cabe ao acusador.
O critério melhor para aquilatar a vileza de uma mentira é verificar o mal que ela produz e os sofrimentos  que provoca. A contragosto, refiro-me a homens e mulheres que ocupam cargos de maior relevância como ministros do Supremo Tribunal Federal. Não posso deixar de comentar a fraqueza de alguns ao basearem seu raciocínio contra os direitos das crianças anencefálicas (melhor seria dizer meroencefálicas), com argumentos mais do que equivocados.
Vários ministros e ministras afirmaram que não podem aceitar a intromissão de razões religiosas para julgar a favor da vida dessas crianças. Isso é uma afirmação falsa. É notório que os maiores defensores das crianças provém das fileiras das Igrejas. No entanto, nenhum representante veio argumentar com razões religiosas. Ninguém debateu com argumentos bíblicos. Nenhum aduziu que o Papa não quer.
Os argumentos foram todos humanitários, filosóficos, científicos e de amor à vida. Tais ministros, conscientemente, afrontaram o bom senso, construindo seu voto em cima de uma base errônea. Isso deu um sentimento de insegurança a todos nós. Só vejo uma possibilidade, de eles recuperaram, aos poucos, a confiança da nação seriamente abalada: julgar, com retidão, os envolvidos no mensalão. “A verdade vos libertará” (Jo 8, 32).
Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo Emérito de Uberaba - MG
04/05/2012 - 08h00 

sexta-feira, 18 de maio de 2012

DOCUMENTO 97: eco da Verbum Domini no Brasil


À venda na Próxima Sexta-feira nas edições CNBB



BRASILIA, sexta-feira, 18 de maio de 2012 (ZENIT.org) - Os bispos do Brasil, animados e fortificados pelo documento do papa Bento XVI “A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja” (Verbum Domini), nos oferecem o presente texto: “Discípulos e Servidores da palavra de Deus na Missão da Igreja”.
Este texto é fruto de um longo percurso iniciado na 48ª Assembleia Geral, em Brasília, no ano de 2010, e concluído na 50ª Assembléia Geral, de 18 a 26 de abril de 2012, em Aparecida.
"Discípulos e Servidores da Palavra de Deus na Missão da Igreja" é resultado do estudo, reflexão e de diálogo fraterno.
Firma a convicção de que “alimentar-se da Palavra é o primeiro e fundamental dever da Igreja e está centrado no desejo de que a Palavra de Deus alimente as nossas Comunidades.
O documento também aborda a temática da animação bíblica da vida e da pastoral que é reconhecida como uma das urgências da ação evangelizadora nas atuais Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (2011-2015) para que toda a vida cristã seja alimentada e dirigida pela Sagrada Escritura (DV, 21).“Faça-se em mim segundo a tua Palavra” (Lc 1, 38), disse a Virgem Maria ao anúncio feito a ela por Deus.
Assim, o DOC CNBB 97 quer colaborar para que a caminhada bíblica – cujos frutos são já bem presentes em nossas Comunidades – se consolide e se expanda sempre mais como nova evangelização e possibilite uma permanente renovação eclesial.
Estará à venda a partir da próxima sexta-feira pelo site das ediçoes CNBB: http://www.edicoescnbb.com.br/loja/loja-302647

VOCAÇÃO E SILÊNCIO


por Pe. Aerton Marcos*

Aos poucos vai se tornando comum afirmar que a vocação é o encontro entre palavra e silêncio através do qual “o homem é convidado a dialogar com Deus” (GS, 19). O texto de estudos da CNBB, denominado “Guia pedagógico de pastoral vocacional”, recorda que o termo vocação deriva de uma palavra que significa chamado e que, hoje, significa mais que uma inclinação ou aptidão para fazer alguma coisa ou para ser alguém. No sentido mais específico, na Igreja, vocação é o apelo de Deus que chama a uma missão ou serviço. 
 
A vocação é uma iniciativa divina que para sua efetiva acolhida a primeira atitude é ou só pode ser, consequentemente, a escuta. O processo vocacional não surge do nada, mas parte de determinados contextos humanos e eclesiais (PDV, 5). Assim sendo, a voz divina que convoca não é obrigatoriamente um timbre material, pois Deus que desde o princípio do mundo se abriga no silêncio, nesse também se deixa conhecer e nele se permite encontrar. 
 
Os relatos dos evangelistas que mostram Jesus vivendo a “condição da maioria dos homens, sem grandeza aparente” (CaIC, 531), permitem observar que a primeira palavra ou pregação a respeito do Messias é justamente seu silêncio. Considere-se, assim, que os trinta anos da vida oculta de Jesus sinalizam uma silenciosa preparação ao público anúncio do Reino: “o que digo, digo-o segundo me falou o Pai” (Jo 12,50). 
 
Experimentar o silêncio não é somente “nada dizer”, mas “saber falar”. Para isso é que para se adquirir êxito no processo de comunicação humana uma norma é: trabalhar o justo equilíbrio entre silêncio e palavra. A esse respeito, são Gregório Magno deixou escrito que o cristão, especialmente o sacerdote, na pratica do silêncio, carece da prudência como a medida de sua fala... para que “nem diga o que deve calar, nem cale o que deve dizer”. 
 
O Papa Bento XVI, na mensagem pelo dia mundial de oração pelas vocações deste ano, ao se dirigir aos bispos, presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas, catequistas, agentes pastorais e educadores pede para “que seja concreta a atenção àqueles que, nas comunidades paroquiais, associações e movimentos, manifestem sinais duma vocação para o sacerdócio ou para uma especial consagração”. 
 
Recentemente o Supremo Tribunal de Justiça do Brasil, em nome de uma aparente liberdade, votou e aprovou como uma solução legal a descriminalização do aborto de fetos com anencefalia, um ato que – humanamente – continuará hediondo. Julgar que uma criança não deve vir ao mundo é uma violência aos direitos humanos e um ataque à sociedade que constitucionaliza como preceito fundamental a inviolabilidade do direito à vida.  
 
Essa realidade atual pede que o serviço às vocações esteja, ainda mais, revestido do silêncio dos “não nascidos” que clamam por respeito e proteção (CIC, n. 2270). Sim, que o Senhor da Messe envie novos ministros, consagrados e consagradas, frutos de um decidido SIM à vida, nossa primeira dádiva e vocação. 
 
 
aertonmarcos@hotmail.com

* Pe. Aerton precedeu o Pe. Gilberto Freitas na reitoria do Discipulado Beato João Paulo II

COM FÉ E CONFIANÇA EM BUSCA DA PAZ...


XI Romaria ao Santuário Nossa Senhora da Paz



A comunidade Católica de Teresina bem como toda a sociedade clama por paz nos lares, nas ruas e, principalmente, nos corações das pessoas. Com o intuito de promover a paz que reina através da fé em Deus e no exercício do amor ao próximo, a Paróquia Santuário Nossa Senhora da Paz, com apoio da Arquidiocese de Teresina, realiza a XI Romaria ao Santuário Nossa Senhora da Paz. O evento que traz o lema: “Com fé e confiança em busca da paz” acontecerá no dia 20 de maio na Vila da Paz, zona sul de Teresina.
  
Esta edição da Romaria contará com a presença de muitos fiéis convidados a participar da procissão, da Celebração Eucarística e, ainda, da parte social que terá a participação dos Ministérios Louvadeira e Káiros, além da cantora Sabrina Lopes.
  
A Romaria da Paz é um momento em que “juntos rogaremos ao nosso bondoso Deus e a Nossa Senhora da Paz, por uma sociedade mais solidária, justa e fraterna, despertando em cada cristão o anseio de uma fé viva, renovada e de um mundo cheio de paz”, explica o Pe. Antonio Marcos, pároco do Santuário.
  
 A concentração para a Romaria será na Igreja de Nossa Sra. do Perpétuo Socorro (Redenção) a partir das 15h, em seguida teremos a procissão até a Paróquia Santuário Nossa Sra. da Paz onde acontecerá a Celebração da Santa Missa às 17h.  Todos os cristãos são convidados a participar de mais essa luta pela paz.

 Eline Reis
 Jornalista
 DRT/1789

quarta-feira, 16 de maio de 2012

TOMÁS RESPONDE: todo prazer é mau?


Parece que todo o prazer é mau:
1. Com efeito, o que destrói a prudência e impede o uso da razão parece ser mal em si, porque o bem do homem consiste “em ser segundo a razão”, como diz Dionísio. Ora, o prazer corrompe a prudência, impede o uso da razão; e tanto mais quanto maiores são os prazeres. Assim que “no prazer sexual”, que é o maior de todos, “é impossível conhecer algo”, diz o livro VII da Ética. E Jerônimo escreve também que “no momento do ato conjugal não se dá a presença do Espírito Santo, mesmo que se trate de um profeta que cumpre seu dever de procriar”. Portanto, o prazer é mau em si; logo todo prazer é mau.
2. Além disso, o que o homem virtuoso evita, e o homem sem virtude procura, parece ser mau em si e que deve ser evitado, pois segundo o livro X da Ética, “o homem virtuoso é como a medida e a regra dos atos humanos” e o Apóstolo diz na primeira Carta aos Coríntios: “O homem espiritual julga tudo”. Ora, as crianças e os animais irracionais, nos quais não há virtude, buscam os prazeres, enquanto o moderado os rejeita. Logo, os prazeres são maus em si e devem ser evitados.
3. Ademais, “A virtude e a arte se referem ao que é difícil e bom”, diz-se no livro II da Ética. Ora, arte alguma é ordenada ao prazer. Logo, o prazer não é algo bom.
EM SENTIDO CONTRÁRIO, está dito no Salmo 37: “Deleita-te no Senhor”. Como a autoridade divina não induz a nenhum mal, parece que nem todo prazer é mau.
Como diz o livro X da Ética, alguns afirmaram que todos os prazeres eram maus. A razão disso parece ser que tinham em mente apenas os prazeres sensíveis e corporais que são mais manifestos; pois os antigos filósofos, nos demais inteligíveis sensíveis, não distinguiam o intelecto dos sentidos, como diz o livro da Alma. Ora, eles julgavam que todos os prazeres corporais deviam ser declarados maus, para que os homens, que são inclinados a prazeres imoderados, afastando-se dos prazeres, chegassem ao justo meio da virtude. Mas essa apreciação não era conveniente. Como ninguém pode viver sem algum prazer sensível e corporal, se aqueles que ensinavam que todos os prazeres são maus fossem flagrados desfrutando de algum prazer, os homens seriam levados mais ainda ao prazer pelo exemplo de seu comportamento, deixando de lado a doutrina de suas palavras. Com efeito, quando se trata de ações e paixões humanas, em que a experiência vale mais que tudo, os exemplos movem mais que as palavras.
Há que dizer que alguns prazeres são bons, e outros, maus. Pois o prazer é o repouso da potência apetitiva em um bem amado, e é consecutivo a uma ação. Podem-se dar duas razões para essa asserção:
1. Da parte do bem em que se repousa no prazer. Do ponto de vista moral, o bem e o mal se determinam conforme a concordância ou discordância com a razão, como acima se disse (q.18, a.5). Assim é no mundo da natureza, no qual uma coisa se chama natural por ser conforme à natureza, e não natural o que não é conforme com a natureza. Há, pois, nas coisas da natureza um repouso natural que convém à natureza, como quando um corpo pesado encontra seu repouso em baixo. E um repouso não natural, que repugna à natureza, como um corpo pesado repousando no alto. Do mesmo modo, nas coisas morais há um prazer que é bom, pelo fato de que o apetite superior ou inferior repousa no que convém à razão; e um prazer mau, pelo fato de repousar no que está em desacordo com a razão, e com a lei de Deus.
2. Da parte da ações; algumas delas são boas, outras são más. Ora os prazeres têm mais afinidades com as ações, que estão em conjunção com eles, do que com o desejo, que os precede no tempo. Por isso, já que os desejos das boas ações são bons, e os desejos das más ações são maus, com mais razão ainda os prazeres das boas ações são bons, e os das más ações, maus.
Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que:
1. Como acima foi dito (q.33, a.3), os prazeres que são do ato da razão, não impedem a razão, nem corrompem a prudência, como fazem os prazeres estranhos tais como os corporais. Esses, de fato, impedem o uso da razão, como acima foi dito, pela contrariedade do apetite que repousa no que repugna à razão, se tem o prazer que é moralmente mau. Ou por um empecilho da razão, por exemplo, o prazer do ato conjugal, embora se dê em algo que está conforme à razão, impede o exercício dela, por causa da mudança corporal que o acompanha. Mas, nem por isso segue-se uma malícia moral, como no sono, que impede o exercício da razão, e não é moralmente mau, se for tomado de acordo com a razão: pois a própria razão tem como próprio que o seu uso seja interrompido de vez em quando. Dizemos, porém, que esse empecilho da razão pelo prazer no ato conjugal, embora não possua malícia moral, pois nem é pecado mortal nem venial, provém, contudo, de certa malícia moral, a saber, do pecado do primeiro pai: pois isso não existia no estado de inocência, como está claro pelo que foi dito na I Parte.
2. O homem moderado não evita todos os prazeres, mas só os imoderados e que não convém à razão. O fato de que as crianças e os animais irracionais procuram os prazeres, não prova que sejam estes universalmente maus, porque há neles um apetite natural que vem de Deus e os dirige para o que lhes convém.
3. A arte não se refere a todos os bens, mas às obras exteriores, como adiante se dirá (q.57, a.3). Quanto às ações e paixões que estão em nós, têm mais a ver com a prudência e a virtude do que com a arte. Existe, porém, alguma arte que produz prazer, a saber, a do cozinheiro e a do perfumista, como diz o livro VII da Ética.
Suma Teológica I-II, q. 34, a.1

Fonte: http://sumateologica.wordpress.com/2011/09/27/tomas-responde-todo-prazer-e-mau/

A CASTIDADE seria antinatural e iria contra a natureza do homem?







Pode-se responder tal objeção sob vários pontos de vista. Para argumentar em um plano meramente natural, é preciso considerar a opinião de alguns cientistas que sob a orientação do Doutor James Paget, da Universidade de Londres, que após extensivas pesquisas puderam concluir: “A castidade não é nociva nem ao corpo, nem à alma. Sua disciplina é preferível a qualquer outra… Nada é mais funesto à longevidade, nem diminui tão certamente o vigor da vida, nem favorece tanto o esgotamento como a falta de castidade na juventude”. (APUD NYSTEN, 1978, p. 342)

O que é corroborado pelo Doutor Lionel Beale, emérito professor de anatomia patológica da Universidade de Londres, ao afirmar: “Não é demais sempre repetir que a abstinência e a pureza mais absolutas são perfeitamente compatíveis com as leis fisiológicas e morais e que a satisfação de certas inclinações não encontra a sua justificativa nem na fisiologia, nem na psicologia, como também nem na moral e nem na religião”. (APUD FONSECA, 1929, p. 15)

Conforme o Doutor Abel Pacheco (AZEVEDO PIRES, 1950, p. 48) “Afirmar à juventude que a função sexual é de necessidade fisiológica, constitui mentira ignóbil em face da ciência”. Assim pois, com o beneplácito da ciência os Papas manifestam a antiga, atual e eterna posição da Igreja, tomada da experiência dos antigos e aplicada nos costumes da Igreja primitiva. Esta é a razão pela qual o Papa PAULO VI (1967, n. 53) afirma: “O homem, criado a imagem e semelhança de Deus, não é somente carne, nem o instinto sexual é o seu todo; o homem é também, e, sobretudo, inteligência, vontade, liberdade; Graças a essas faculdades ele se deve ter como superior ao universo; essas faculdades o fazem dominador dos próprios apetites físicos, psicológicos e afetivos”.

PIO XII (1954, n.34) ainda é mais incisivo: “Apartam-se do senso comum, a que a Igreja sempre atendeu, aqueles que vêem no instinto sexual a mais importante e a mais profunda, das tendências humanas, e concluem daí que o homem não pode coibir durante toda a sua vida sem perigo para o organismo e sem prejuízo do equilíbrio da sua personalidade”.

O Concílio Vaticano II condenou como falsa a doutrina segundo a qual a continência perfeita é impossível ou é nociva ao desenvolvimento humano Pois, segundo Dom José CARDOSO SOBRINHO (2004, p. 36): “Se o exercício da atividade sexual fosse necessário para a saúde corporal ou psíquica, Deus não prescreveria a continência perfeita a todos aqueles que, por qualquer motivo e mesmo independentemente da própria vontade, vivem fora do matrimônio. Não pode haver contradição entre as leis divinas e o autentico bem-estar do ser humano. O Homem pode e deve orientar e dominar suas tendências físicas, psicológicas e afetivas”.

Igual é a opinião do Doutor Moreira da FONSECA (1929, p. 12) que inteiramente conforme a Doutrina Católica afirma: “A castidade se impõe ao gênero humano como uma lei natural, visto como Deus não poderia exigir de sua criatura o cumprimento de um dever que fosse contrário à sua natureza”.

Ainda há aqueles que ousam dizer que a felicidade esta na luxúria. Logo, o celibatário não é feliz pela continência que deve exercer sobre seus apetites físicos. Pode-se então, responder com São Paulo Apóstolo (1Cor 7, 28-40):

“A respeito das pessoas virgens, não tenho mandamento do Senhor; porém, dou o meu conselho, como homem que recebeu da misericórdia do Senhor a graça de ser digno de confiança. Julgo, pois, em razão das dificuldades presentes, ser conveniente ao homem ficar assim como é. Estás casado? Não procures desligar-te. Não estás casado? Não procures mulher. Mas, se queres casar-te, não pecas; assim como a jovem que se casa não peca. Todavia, padecerão a tribulação da carne; e eu quisera poupar-vos. Mas eis o que vos digo, irmãos: o tempo é breve. O que importa é que os que têm mulher vivam como se a não tivessem; os que choram, como se não chorassem; os que se alegram, como se não se alegrassem; os que compram, como se não possuíssem; os que usam deste mundo, como se dele não usassem. Porque a figura deste mundo passa. Quisera ver-vos livres de toda preocupação. O solteiro cuida das coisas que são do Senhor, de como agradar ao Senhor. O casado preocupa-se com as coisas do mundo, procurando agradar à sua esposa. A mesma diferença existe com a mulher solteira ou a virgem. Aquela que não é casada cuida das coisas do Senhor, para ser santa no corpo e no espírito; mas a casada cuida das coisas do mundo, procurando agradar ao marido. Digo isto para vosso proveito, não para vos estender um laço, mas para vos ensinar o que melhor convém, o que vos poderá unir ao Senhor sem partilha. Se alguém julga que é inconveniente para a sua filha ultrapassar a idade de casar-se e que é seu dever casá-la, faça-o como quiser: não há falta alguma em fazê-la casar-se. Mas aquele que, sem nenhum constrangimento e com perfeita liberdade de escolha, tiver tomado no seu coração a decisão de guardar a sua filha virgem, procede bem. Em suma, aquele que casa a sua filha faz bem; e aquele que não a casa, faz ainda melhor. A mulher está ligada ao marido enquanto ele viver. Mas, se morrer o marido, ela fica livre e poderá casar-se com quem quiser, contanto que seja no Senhor. Contudo, em minha opinião, ela será mais feliz se permanecer como está. E creio que também eu tenho o Espírito de Deus”.

Neste texto de São Paulo ressalta sob o ponto de vista escatológico a utilidade da virgindade e do casamento recomendando que geralmente a escolha do estado de vida é facultativa, porém, se tal estado por causa “das tribulações da carne” põe dificuldades relevantes à vida espiritual e a salvação eterna, o mesmo Apóstolo ressalta como o bom cristão sem receio deve escolher o estado que mais convenha à salvação de sua alma. O Apóstolo dos Gentios também recorda que a felicidade se alcança somente quando o homem procura sua finalidade, nesta busca da “união com Deus sem partilha” e não nos prazeres terrenos como os da carne, pois, conforme afirma São Tomás de AQUINO (2004, V, p. 90): “Nunca um bem criado pode saciar o desejo humano de felicidade. Somente Deus o pode saciar e o faz infinitamente”.

Essa felicidade de situação do indivíduo casto reflete-se inteiramente no semblante, na vida e na personalidade daquele que optou pela castidade. Como Doutor Moreira FONSECA (1929, p. 8 ) observa: “Na fisionomia do jovem casto reina uma santa alegria, o seu olhar tem algo de mais nobre, a sua consciência goza de agradável paz e o seu ideal não rasteja pela terra nem mergulha no lodaçal do vício, mas sim paira em regiões mais elevadas e alcança a esfera dos anjos”.

Ainda sobre o semblante do casto, o Evangelho (Mt 6, 21-23) ressalta como a concupiscência dos olhos escurece ou empana o brilho da fisionomia: “O olho é a luz do corpo. Se teu olho é são, todo o teu corpo será iluminado. Se teu olho estiver em mau estado, todo o teu corpo estará nas trevas. Se a luz que está em ti são trevas, quão espessas deverão ser as trevas!”

Como escreveu Goethe (TOTH, 1965, p. 79): “É justiça na terra que o espírito se manifeste no semblante”. Poder-se-ia dizer que tal observação é subjetiva, porém, irrefutavelmente, até mesmo os que impugnam o celibato admitem a superioridade de caráter do celibatário como Donald COZZENS (2008, p. 19) em seu opúsculo Liberar o Celibato:

Os celibatários sãos e vigorosos são atraentes; pode ser que não sejam fisicamente atraentes, mas são dotados de uma atração irresistível que nasce do centro contemplativo da alma, único lugar em que as pessoas se sentem bem consigo mesmas. Com notáveis exceções, os celibatários parecem ser menos absorvidos em si mesmos do que a maioria, e muitos parecem verdadeiramente interessados nos outros. Muitas vezes eles projetam uma aura espiritual que demonstra ser seguro aproximar-se e seguro revelar.

Dizer que a realização das funções genésicas é necessária para completar e madurar a personalidade humana também seria exagero, pois senão, muitos dos grandes filósofos da antiguidade e mesmo cientistas tempos modernos, como também Maria Santíssima, os Santos e Santas, não teriam possuído uma personalidade humana completa e madura por serem celibatários. Por sua vez, a própria humanidade de Nosso Senhor Jesus Cristo seria em algo incompleta e não-madura; dizer isso seria, no mínimo, blasfemo. Pois, foram celibatários o maior numero de sábios da antiguidade, fato que faz CHATEAUBRIAND (1860, p. 48) afirmar: “A continência no sábio, transforma-se em estudo; e em meditação no solitário. Não há aí homem que lhe não desfrute as vantagens em trabalhos de espírito, por isso que ela é caráter essencial da alma, e força intelectiva”.

Para o Cardeal Cláudio HUMMES (2007) comentando a Encíclica Sacerdotalis Caelibatus, “o celibato aumenta a idoneidade do sacerdote para a escuta da palavra de Deus e para a oração, e o capacita para depositar sobre o altar toda sua vida, que leva os sinais do sacrifício”. Portanto, afirmar que o celibato contraria o desenvolvimento da maturidade da personalidade humana não concorda com a Ciência, com a História e com a Teologia.

Por Padre Eduardo Frizzarini, EP.

SANTO PADRE aponta 3 conquistas de quem é conduzido pelo Espírito Santo


Kelen Galvan
Da Redação


Reuters
Papa saúda peregrinos presentes na Praça São Pedro, no Vaticano, para a Catequese desta quarta-feira, 16
Após ter dedicado as últimas catequeses sobre a oração nos Atos dos Apostólos, o Papa Bento XVI anunciou que a partir desta quarta-feira, 16, as próximas catequeses refletirão sobre a oração nas cartas de São Paulo. 

O Santo Padre destacou que um primeiro elemento ensinado pelo apóstolo Paulo é que a oração não deve ser vista como uma "simples boa obra" que as pessoas fazem para Deus mas, antes de tudo, é um dom, fruto da presença vivificante do Pai e de Jesus Cristo em cada um. 

Sabemos que é verdadeiro o que diz São Paulo, na carta aos Romanos, afirmou Bento XVI, de que "não sabemos rezar de modo conveniente" (Rm 8, 26). "Queremos rezar, mas Deus está distante, não temos as palavras, a linguagem para falar com Deus, nem mesmo o pensamento. Podemos somente nos abrir, colocar o nosso tempo à disposição de Deus, esperar que Ele nos ajude a entre em verdadeiro diálogo", explicou o Papa.

Mas é exatamente essa falta de palavras e também o desejo de entrar em contato com Deus, que é "a oração que o Espírito Santo não somente entende, como leva e interpreta diante de Deus", disse o Santo Padre explicando as palavras do apóstolo. "Exatamente essa nossa fraqueza se torna, através do Espírito Santo, verdadeira oração, verdadeiro contato com Deus. O Espírito Santo é quase um intérprete que faz com que Deus entenda aquilo que queremos dizer", ressaltou.

Bento XVI destacou também três consequências na vida dos cristãos quando se deixam conduzir pelo Espírito Santo.
    
A primeira é que com a oração a pessoa experimenta a liberdade doada pelo Espírito: "uma liberdade autêntica, que é liberdade do mal e do pecado, para o bem e para a vida, para Deus". O Papa explicou que sem a oração animada pelo Espírito, que alimenta a cada dia a intimidade dos fiéis com Cristo, esses permanecerão na condição descrita pelo Apóstolo: "não fazemos o bem que queremos, mas sim, o mal que não queremos" (Rm 7, 19).

Uma segunda consequência, de acordo com o Santo Padre, é que "o relacionamento com o próprio Deus se torna tão profundo" ao ponto de não ser corrompido por nenhuma realidade ou situação. "Compreendemos então que com a oração não somos liberados das provas ou dos sofrimentos, mas podemos vivê-los em união com Cristo, com os seus sofrimentos, na perspectiva de participar também da sua glória" (Rom 8,17), enfatizou.

E o terceiro ponto é que a oração do fiel se abre às dimensões da humanidade e de toda criação, se torna intercessão pelos outros e assim, ele libera a si mesmo, para ser canal de esperança para toda criação (cf. Rm 8, 19). "A oração, sustentada pelo Espírito de Cristo que fala no íntimo de nós mesmos, não fica nunca presa em si mesma, não é somente uma oração por mim, mas se abre à divisão dos sofrimentos do nosso tempo, dos outros", disse Bento XVI.

Por fim, o Papa destacou que São Paulo ensina os cristãos quanto ao dever de se abrirem na oração à presença do Espírito Santo, "o qual reza em nós com gemidos inexprimíveis para nos levar a aderir a Deus de todo o coração".

"O Espírito de Cristo se torna a força da nossa oração 'fraca', a luz da nossa oração 'apagada', o fogo da nossa oração 'árida', doando-nos a verdadeira liberdade interior, ensinando-nos a viver enfrentando as provas da existência, na certeza de não estarmos sós e abrindo-nos aos horizontes da humanidade e da criação", concluiu.